sexta-feira, 28 de setembro de 2007

D.Quixote e Sancho Panza

Passou, pelos vistos, sem deixar marcas a conferência de imprensa de Camacho na Reboleira. E o que disse Camacho. Que no Benfica só os adeptos é que são dignos de uma grande equipa. Concordo. Camacho acha que não tem culpa quando a equipa não dá um chuto ou não cria ocasiões. Quando as substituições são "viagens na maionese", Camacho não tem culpa. Quando o Benfica não levou 7 em Milão por acaso, Camacho não teve culpa. Quando jogou em Braga como jogariam os Passarinhos da Ribeira, Camacho não teve culpa. Culpa tem quem ressuscitou Camacho. Mas esse também não é digno de equipa grande.
Para além disso, não foi este José António que passou em tempos pelo clube da águia durante um ano e meio. E ainda não sabe que pelota é bola, cancha é campo, corner é canto e plantilla é plantel?

Globos de Ouro

Tem razão PSL. Anda doido o país. Há muito. Como canta Godinho "só neste país é que se diz só neste país". Mas só neste país PSL poderia chegar a número 1 do que quer que fose. Mas chegou. E fez muito bem em não dar "descontos de tempo" pelo directo de coisa nenhuma. Quando perguntou "é assim que o país vai para a frente'?" Ana Lourenço deveria ter respondido que não foi certamente com Santana nos destinos deste arrabalde á beira mar plantado que a coisa avançou mas isso de nada importa. A debanda não faz dele um Kissinger da era moderno-digital mas confirma o que as revista do social apregoavam: o homem tem tomates.
O país é pouco mais que o futebol. E a futebolização das notícias é apenas a ponta do iceberg (será o sr.Iceberg irmão do Carls que dá nome ao neo-caneco?) Quantos de nós juntamos 10 amigos mais ou menos barrigudos para dar us pontapés? E para tal há o pavilhão da escola, o parque da Aguda, o sintéctico de Valadares, é só escolher. Ainda bem. Mas se o meu vizinho desses uns toques na bateria e eu quisesse por fim dar corpo à "Banda Gástrica" teria tanta sorte para encontrar uma sala de ensaio? Fosse eu dado aos textos de Brecht arranjaria com tanta facilidade um espaço parar dar asas à minha arte? Julgo que não.
Num blog só sobre o pontapé na bola, corre este escriba o risco de parecer Nero incendiando Roma. Mas não. Quando o desporto que se sabe e quer Rei for mais a chegada de um mister especial, um despacho da Comissão de Arbitragem da Liga, um pedido de desculpas de um árbitro zarolho e menos a bola na trave ou na rede, a "cueca" ou o frango então eu tocarei harpa.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

(Special) One from the Heart





A saída de Mourinho é incompreensível? É. Mas, paradoxalmente, não deixa de fazer sentido. Mourinho é o mais próximo de uma rock star no mundo da bola. No fundo é Sid Vicious e Malcom McLaren. Num só. Ou seja, cria e agita. Anuncia e reage. Antecipa e responde. E, desta forma cria a sua própria iconografia pop. De quantos treinadores nos lembramos de tantos momentos? A camisola de Rui Jorge, "para o ano sou campeão de certeza absoluta", a correria em Sevilha, a fuga depois da vitória em Gelserkichen, "I'm the Special One", as medalhas para os adeptos e mais uma série de pérolas dignas de uma Collector´s Edition da Rolling Stone. Pode parecer uma visão meia mística mas, ele sabe que um dia os londrinos dirão que viram jogar a equipa de Mourinho. Com o mesmo elán que me lembro de Dylan em Vilar de Mouros, como muitos se lembram da "morte" de Ziggy Stardust no Hammersmith Ódeon ou dos Stones in the Park ou...
Mesmo tendo sido rebelde com causa, a passagem de Mourinho pelo Chelsea tem um toque de James Dean. Live Fast Die Young. Nunca nos 102 anos de história do clube formado no pub Rising Sun houve tanta glória, tanta raiva, tanta arte, tanto talento, tanto génio, tanto mau génio. Tantas vitórias.
Por coincidência cósmica, aterrei em Londres no dia seguinte a Mourinho ter sido apresentado como mister do Chelsea. Depois do 1º Round (entenda-se, primeira conferência de imprensa) dizia o jornalista da BBC "Sure he can talk the talk. Let's see if he can walk the walk." Esqueceu-se que Mourinho não caminha. Corre.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Farewell, José

Nos tempos de glória ao serviço do Deportivo, Diego Armando (grande nome) Soleda Tristán usava o seu 1, 86 cm para marcar golos com a mesma facilidade com que emborcava "shots" de alto teor etílico na "movida de La Coruña". O presidente César Lendoiro, ancião nestas coisas do pontapé na bola, não era de modas. Ele queria um ponta-de-lança que facturasse e não um genro para casar as suas filhas.
Apesar dos 25 milhões extra no saldo bancário, o "Special One" também não seria nunca o meu genro de eleição. Mas José Mário dos Santos Mourinho Félix é o melhor do mundo. E por mais patético que seja dizer isto (ou melhor, escrever) fez de 21 de Maio de 2003 e 27 de Maio de 2004 dois dos dias mais felizes da minha média existência. Como certamente terá feito de muitos sábados à tarde os mais gloriosos dos adeptos do Chelsea e das suas Milky and Rich Girls. Desde que não se cruze nunca com as minhas cores, quero que tenha sucesso sempre. Mesmo quando o odeio.

Feio. Muito Feio

O meu melhor amigo fartava-se de levar porrada na escola. Não dos colegas. Dos professores. Irrequieto, chato, brincalhão e com tendência para o desastre, das reguadas aos estalos mais cruéis provou de tudo. Quando a autoridade perguntava "Quem fez isto?" 2 segundos mais tarde lá se levantava ele pronto a ficar com as orelhas a arder. Mas nunca, mesmo nunca disse algo como "Não fui eu que comecei"; "O Marco também fez"; " O Luís é que mandou".
O meu melhor amigo tinha 10/12 anos. Scolari tem quase 60.

70x7=4


Findo o Portugal-Sérvia, Scolari (novo Herói Nacional...no Kosovo) refugia-se no balneário. Ninguém entra. Estará a rever as imagens? Não. Confessa~se à Stª do Caravaggio. "Eu te perdoo 70x7 vezes" (Mateus 18,22) terá dito a padroeira dos imigrantes italianos e dos ...motociclistas. Scolari que não é bom de contas ficou desorientado. Em casa, depois do ralhete da mulher, fez as contas e decidiu pedir perdão por intermédio de Judite de Sousa a quem um dia chamou de "Marília Gabriela cá do Portugal". E ficou à espera da justiça divina do pontapé na bola a.k.a. UEFA.
Lá no fundo ele sabia. Platini é como Scolari, gosta de forró e por isso sabe que... "um tapinha não dói".
Fosse a justiça divina realmente justa e realmente justiça talvez Scolari nunca mais se sentasse no banco da nossa selecção. Mas assim sendo, isso no caso significava que Portugal ficaria de fora do Euro. Injusto? De acordo. Mas... God said to Abraham: "Kill me your son". (Dylan dixit)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

You'll never walk alone

Precisaria de um "Guerra e Paz" para explicar as razões que fazem com que, nos tempos que correm, sente menos vezes o meu real "final de costas" no Dragon Stadium do que efectivamente gostaria ou com a regularidade que o fiz em tempos ex-SAD.
Se pudesse amanhã lá estava. Estes não são só os jogos que os jogadores gostam de jogar mas também os jogos que os adeptos gostam de assistir. Nos futebóis de outras galáxias e outras bolsas torço sempre por quem joga melhor. Hoje o Barça amanhã o Real, hoje o Arsenal amanhã o Manchester. Mas o Liverpool tem aquele "quê" de equipa especial (embora especial nem sequer tenha "Q"). Não sei explicar. Nem quero.
Vai ser duro parar os novos 4 de Liverpool. Fernando "Lennon" Torres; Steven "McCartney" Gerrard; Dirk "Ringo" Kuyt; Ryan "Harrison" Babel. O problema é que os vermelhos (escrevo assim para ver se ganho raiva aos gajos) têm matéria prima para transformar os Beatles na Brigada Victor Jara. Pelo menos 11.
O antídoto só pode ser o do costume: Ricardo "Lord of the Rings" Quaresma. O problema é que o "minino" vai levar pancada de criar bicho e desta vez não vai ter atrás de si nenhum Sargentão para o defender de um qualquer Dragutinovic desta vida. Ou então um Liverpoolnovic. Mas não te preocupes, Gipsy. You'll never walk alone.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Aeromoça? É Hospedeira






Usando de uma tolerância que até agora desconhecia ter, direi que Scolari não me desperta simpatia. Carregando o discurso, é bizarro como um brasileiro carrega consigo, no discurso, uma espécie de neo-Estado Novo. Há futebol, não há Fátima mas há a Sta. do Caravaggio, não há Fado mas em tempos houve Roberto Leal. E trocando triângulos de meio-campo por triologias de propaganda, já vimos e ouvimos que há Deus, há exacerbadamente a Pátria em 11 patrícios e a opinião publicada fechou o círculo assinalando o nascimento da Família, a "Família Scolari". A nuance para os tempos da outra senhora são que deixamos o "orgulhosamente sós" e recuperamos o glorioso mas mesmo assim obscurantista desígnio do V Império. Trocamos caravelas por bandeiras ás janelas. Um qualquer estrangeiro que passasse por um bairro social português, bafiento e de cor cinza mas repleto das ditas bandeirinhas, pensaria estar num país em...guerra civil. Mas não. Estávamos todos a pedir primeiro a Europa dois anos mais tarde o Mundo. Pobres, sim mas que raio...deixem-nos sonhar.Faltava cumprir Portugal. E hai dos poucos que ousassem pensar diferente! Jornalistas, "paineleiros", presidentes ou "goleiros"! Para estes um novo "Tarrafal" mediático e o epípeto de traidor á pátria ou espanhol ou ... sabe-se lá.
E sempre que Scolari se nos apresentava (no seu estilo meio Senhorzinho Malta meio Gene Hackman em versão Tenembaum) lá a orde se dirigia a Felipão, Sargentão ou outro qualquer ão como Sr. Scolari. Triste sina a de Mourinho que nem sendo o melhor do mundo consegue que lhe chamem Sr. Mourinho. E por detrás de toda uma subserviência falsa e interesseira crescia uma ânsia de desgraça. Que parece chegar agora.

Há coelhos a sair da toca. Ratos a abandorem navios. Scolari, sabe-se, gosta do nosso peixe (e da nossa "massa"), gosta do sol, da vida na Linha, das escolas para os seus filhos mas só agora vai conhecer Portugal.

Pimbolim? Pimbolim é Matraquilhos.




Sempre achei que Scolari se devia dedicar à pesca.
Afinal, devia dedicar-se ao boxe.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Boa Memória


Entre Sousa Martins e Ribeiro Cristóvão eu não tenho dúvidas. E nada supera um resumo de Nicolau de Melo. Aos Domingos á noite eu escolho a RTP Memória.

Entre o Estádio Magalhães Pessoa retocado com Botox de Betão e o velhinho Abel Alves de Figueiredo, eu escolho o frio do cimento sem cadeiras e rumo a Santo Tirso. Entre o novo Bessa versão sci-fi e o soalheiro Comendador Manuel Violas há dúvidas?

Como resistir a Mladenov (35 anos) apresentado como "um jogador sem idade"; como resitir a António Borges em versão Fleatwood Mac; como resistir aos jogos de Domingo 3 da tarde; como resistir aos doutos conselhos do Renascentista Cristóvão que alerta o Sporting a "repensar depois do desaire em Vidal Pinheiro"

Entre o novo riquismo serôdio de uma liga com patrocínio.com e o aristocrático Campeonato da 1ª Divisão eu declaro-me "Old School".

Puerta


O loop televisivo do adeus de Puerta deixa um sabor a crueldade. Os mortos são todos iguais. As mortes não. E há mortes makakas.

Quis o jovem Andaluz dizer "Não quero ir já!" ou quis a a morte makaka dizer "Volto já. Não me demoro!".

Melhor será pensar que Deus quis contratar António Puerta Pérez. Mas se assim foi, melhor fora deixá-lo cair de uma vez. Entre o Homem e a Lenda escolhíamos a Lenda e contaríamos a estória de um jovem sevilhano de 22 anos que um dia tombou pisando, qual artista, o palco que mais amava:o relvado de um estádio de futebol.